Se nada mudar nas próximas horas, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não arredará um pé na sua disposição de manter a assinatura do manifesto em favor da democracia. O documento vem sendo elaborado pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
A decisão da Febraban de participar do manifesto provocou um racha na entidade. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal informaram que vão se retirar da Federação, da qual são sócios desde a fundação dela. Os dois bancos públicos alegam que o documento, que deve ser publicado nesta terça-feira (31/08), é contra o presidente Jair Bolsonaro.
Os bancos privados, no entanto, estão convictos de que a Febraban precisa se posicionar dada à gravidade da situação, com a democracia em risco. Apoiam o manifesto, entre outros, Itaú Unibanco, Bradesco, Safra, Santander e BTG Pactual. Para essas instituições, recuar, agora, seria ficar de pernas arriadas para o governo.
A praça dos Três Poderes
O manifesto, intitulado “A praça dos Três Poderes”, deve contar com a assinatura de pelo menos 200 entidades empresariais e financeiras, inclusive, de associações vinculadas ao agronegócio, setor, em maioria, bolsonarista. O documento tem por objetivo mostrar a preocupação dos agentes econômicos com os ataques às instituições democráticas.
Na avaliação das entidades que decidiram assinar o manifesto, em vez de estimular crises, o governo deveria se concentrar em retomar as rédeas da economia, que sofre com a inflação alta, o desemprego recorde, os juros em disparada, o dólar apontando para cima e a crise hídrica e energética.
Diz um trecho do manifesto: “As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e, assim, possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”.
Por Vicente Nunes/Correio Braziliense.