Cultura Mata Sul

V FESTERAGUAS acontece a partir do dia 17 setembro em São Benedito do Sul

O V FESTERAGUAS acontece no período de 17 a 21 de setembro do ano em curso, no município de São Benedito do Sul/PE, conhecido como a Terra das Águas Sagradas. O FESTERAGUAS, utiliza diversos espaços da cidade e do distrito de Igarapeba para realizar palestras, oficinas, espetáculos de circo, teatro, dança e música leituras dramatizadas, oficinas, lançamentos de livros, palestras e feira de artesanato envolvendo diretamente mais de 600 pessoas, promovendo a difusão da arte e postos de trabalhos para diversas pessoas, ainda que se sejam temporários.


Esta é uma realização do produtor cultural Benedito José Pereira (Didha Pereira), utilizando o incentivo do FUNCULTURA, FUNDARPE, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco. Além disso, conta com o apoio cultural do Ponto de Cultura e Cineclube SBS Engenho de Arte, da Prefeitura Municipal de São Benedito do Sul, da Pousada Flor do Campo e da Biblioteca Comunitária e Espaço de Memória Lica Pereira. A Coordenação Artística é assinada pela atriz e turismóloga Carmelita Pereira e a produção artística tem a assinatura do ator e também turismólogo Feliciano Felix.


O V FESTERAGUAS abre dia 17, às 10 horas com o espetáculo “As Novas Aventuras de João e Chicó” com o coletivo Juventude em Cena. Em seguida se apresentarão dois espetáculos de dança: “Dançando pros Santos Reis”, do Reisado de São Benedito e “Vozes e Corpos Ancentrais”, do Grupo Clarão de Luz Quilombola. Após o almoço haverá uma oficina de Dramaturgia mediada por Didha Pereira, duas palestras proferidas pelo ator e Padre José Ramos e pelo professor doutor Dayvison Bandeira de Moura, quando serão realizados os lançamentos de três livros. As homenagens acontecerão logo após o lançamento desses livros. As atividades artísticas do dia terão sua culminância com as apresentações dos espetáculos: “A Revolta das Cabaças” e “Aqui quem Manda é a Véia”, que serão apresentados às 19 e 20 horas, respectivamente, pelos coletivos Raízes da Terra e Tonho & Tonha Produções Artísticas.


Este ano o festival homenageia dois ícones da cultura pernambucana: o professor e artista multifacetado, Nazareno Petrucio e o professor e filósofo, Paulo Freire pelas contribuições dadas à educação, a arte e a cultura desse país. O primeiro é o vigoroso e poético criador das cenas potentes e plenas de poesia do teatro pernambucano. O professor, artista plástico, cenógrafo, figurinista, maquiador e produtor cultural NAZARENO PETRÚCIO. Nascido em Alagoas, ainda criança migrou para Pernambuco e no bairro de São José, na cidade do Recife, teve contato com as mais genuínas expressões da cultura popular, apaixonou-se. Logo ingressou na Escola de Belas Artes/UFPE e começou a se expressar através das suas suaves e delicadas aquarelas, espalhando poesia com suas marinas azuladas pelo mundo afora. Suas obras pululam entre França, Itália, Suécia, Alemanha, São Paulo Rio, Bahia, Alagoas, Paraíba, Paraná, São Benedito do Sul, Recife, Paulo Afonso e Olinda, onde esse múltiplo artista fixou residência e na qualidade de diretor do Museu de Arte Contemporânea, montou espetáculos primorosos, tais como: As Preciosas Ridículas, O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna, Chico Rei, Ritual Rito-Atual, Eu Chovo, Tu choves, Ele Chove e Negro Rei, sendo premiado com o MAMBEMBE, excursionando com o espetáculo Chico Rei pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, ovacionado pelo público e pela crítica nacional. Em Pernambuco foi o precursor do teatro com negros, para negros e com temática negra, dando voz ao segmento de cor preta, numa época em que isso ainda não ocupava as pautas nacionais, fixando um lugar privilegiado de fala para esse segmento social.

O segundo homenageado é o pernambucano, já falecido, Paulo Freire. Nascido Paulo Reglus Neves, em 19/09/21, no Recife, faleceu em 02/05/97, em São Paulo. Educador, escritor e filósofo brasileiro, é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica, hoje é considerado o Patrono da Educação Brasileira. Seu trabalho teórico envolve uma forte crítica à educação bancária e propõe uma educação dialógica e problematizadora, que conduza os educandos a uma postura crítica diante da realidade opressora. Ele também é famoso por ter desenvolvido um método de alfabetização de adultos que busca desenvolver essa consciência crítica, já no momento da alfabetização, acreditando que todos os seres humanos têm por vocação o ser mais. Buscava dessa forma que os seres humanos fossem sujeitos das suas próprias ações, atingissem sua plena realização e, humanizados, fossem capazes de transformar o mundo. Essa sua busca o levou a criar o Movimento de Cultura Popular, o MCP, que ganhou contornos políticos, envolvendo artistas e educadores renomados que utilizava a educação para transformar e dar voz aos trabalhadores, favelados, periféricos, ribeirinhos e às mulheres. Por conta disso foi perseguido pelo governo militar e exilado. Seu principal trabalho: Pedagogia do Oprimido, propondo a pedagogia dialógica, se diferenciou do “vanguardismo” dos intelectuais tradicionais de esquerda, defendendo o diálogo com as pessoas simples, e não a imposição de ideias pré-concebidas sobre elas (o que, para ele, era mero ativismo). Pedagogia do Oprimido é o terceiro livro mais citado em trabalhos acadêmicos de todo o mundo. É o brasileiro mais homenageado da história, com pelo menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e das Américas; recebeu diversos galardões como o prêmio da UNESCO de Educação para a Paz. Embora suas ideias nunca tenham sido amplamente aplicadas em todo o território brasileiro, experiências pontuais são registradas. Na cidade de Diadema/SP, por exemplo, o referencial freireano foi orientador da política pública de educação, na gestão municipal de 2004 a 2008. Seu nome é uma referência mundial em educação, brotando da sua cepa, tronco ou linhagem, a afirmação: Educação transforma!

Portanto, os dois homenageados têm em comum o fato de ambos serem professores e educadores que, em suas obras, tentam dar voz aos oprimidos, excluídos e colocados à margem da sociedade, transformando esses seres humanos em sujeitos assujeitados. O que esses artistas pensadores criaram foi um espaço legitimo de voz, que garante a disseminação do eco das falas dos não hegemônicos e as transformam em elementos irradiadores dos presságios de mudança e de uma efetiva transformação social movida pela educação e pela arte. Viva os artistas e professores desse país! Viva a educação e a arte! Evoé!

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