A declaração xenofóbica de Jair Bolsonaro sobre os nordestinos nesta sexta-feira (19) coroou um dia em que Bolsonaro foi mais Bolsonaro do que nunca.
Declarou que o Brasil não tem fome, que Míriam Leitão participou de guerrilha, que vai censurar o cinema.
Ainda alçou Flávio Dino, governador do Maranhão, ao posto de principal opositor.
Um homem pode ser medido por seus inimigos.
Num vídeo oficial — editado depois –, Bolsonaro aparece conversando ao pé do ouvido com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, antes do início de entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros durante café da manhã.
“Daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada para esse cara”, disse Jair.
Quando Bolsonaro citava “um picareta” e um “ex-deputado”, a conversa foi interrompida pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, que fez uma saudação aos jornalistas.
“Seja o Maranhão ou a Paraíba ou qualquer outro Estado. ‘Não tem que ter nada para esse cara’ é uma orientação administrativa gravemente ilegal”, apontou.
Dino foi eleito, em pesquisas recentes, o melhor governador do Brasil.
Juiz federal, tem sido, desde que derrotou Sarney e seus gafanhotos, um homem público corajoso, denunciando os desmandos de Sergio Moro e da Lava Jato.
Recebe de brinde a agressão do Presidente Jair Bolsonaro — que, por vias indiretas, o promove.
Jair Bolsonaro o agride porque o teme.
E o teme porque sabe que Dino representa tudo o que ele não é: a vitória da democracia e a derrota, cedo ou tarde, do bolsonarismo.